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Malária, pneumonia, desnutrição, contaminação por mercúrio: Fantástico mostra a tragédia humanitária na Terra Indígena Yanomami


Os repórteres Sônia Bridi e Paulo Zero acompanharam uma operação para levar socorro até a região. Você vai ver como a maior terra indígena do Brasil chegou a essa situação de emergência. Fome, desnutrição, malária, e contaminação por mercúrio: a tragédia Yanomami em Roraima No último final de semana, o Fantástico entrou na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, cenário de uma tragédia humanitária. Os repórteres Sônia Bridi e Paulo Zero acompanharam de perto a distribuição de remédios e alimentos - e mostram o resgate de mulheres e crianças doentes. No vídeo acima, você vai ver como a maior terra indígena do Brasil chegou a essa situação de emergência. 🎧Podcast do Fantástico: O testemunho de Sônia Bridi e Paulo Zero sobre a tragédia Yanomami A reportagem do Fantástico entrou na Terra Yanomami com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Junior Hekurari, e o novo secretário da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Weibe Tapeba. A visita deles é para organizar o programa de socorro. ‘A gente está vivendo um pesadelo’, afirma enfermeira de posto de atendimento na Terra Yanomami “A gente vivia, a gente tinha a vida, a gente tinha trabalho, pescava. A gente não tem hoje. Não tem, porque o povo Yanomami está doente. Então, a situação é muito grave”, relata Junior Hekurari. Líder Yanomami diz ter enviado cerca de 60 pedidos de ajuda ao governo Bolsonaro e não obteve resposta Magreza extrema, cabelos fracos e feridas: os sinais da desnutrição grave entre os Yanomami Raio-X: conheça a Terra Yanomami, maior reserva indígena do Brasil em emergência por casos de desnutrição e malária A situação mais grave está na parte Norte, onde estão dos pelotões especiais de fronteira do Exército - e a maior concentração de garimpo no Território Yanomami. Paulo Zero Em Homoxi, o repórter Paulo Zero embarcou no helicóptero da Sesai com a missão de resgatar pacientes em lugar emblemático para entender a crise. A partir de 2017, o garimpo avançou por dezenas de quilômetros na região do Homoxi. Os garimpeiros tomaram a pista da Sesai, expulsaram a equipe de saúde e usaram o posto como depósito de combustível. Em 2022, policiais federais estiveram lá e destruíram máquinas do garimpo. Em represália, os garimpeiros botaram fogo no posto de saúde. São várias aldeias na região cercadas pelo garimpo. As mães e os filhos estão com febre. O resgate é muito rápido - a equipe está sem segurança e teme o ataque de garimpeiros armados. Casos subnotificados No ano passado, foram registrados 22 mil casos de malária – em uma população de 30 mil Yanomamis. No entanto, no Homoxi, onde o posto foi tomado e queimado pelo garimpo, houve apenas 7 casos notificados. Isso deixa claro que os números oficiais não refletem toda a realidade. Nos anos 1990, uma grande operação do Governo Federal retirou os garimpeiros que haviam invadido a região. Em 1992, a Terra Yanomami foi demarcada. Depois disso, o garimpo quase desapareceu. Mas voltou em 2016 - e em escala brutal. Os números mostram que o aumento dos casos de malária acompanha o do garimpo. Em dezembro de 2022, a área atingida pelo garimpo chegava a 5 mil hectares. Um aumento de mais de 300% em relação ao final de 2018. “Durante esses quatro anos, piorou muito as situações graves. Chegou malária, desnutrição do povo Yanomami. Desde que que eu levei o primeiro Fantástico, né? E, desde então, o pessoal não recebeu nenhuma ajuda”, relembra o líder indígena Junior Hekurari, citando a reportagem produzida pelo Fantástico em novembro de 2021, quando o repórter Alexandre Hisayasu denunciou a crise humanitária que se agravava. São várias aldeias na região cercadas pelo garimpo Paulo Zero No último fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Boa Vista, capital do estado, acompanhado de ministros. “A gente não pode entender como um país que tem as condições que tem o Brasil deixar os indígenas abandonados como eles estão aqui”, afirmou Lula. A crise sanitária matou 570 crianças Yanomami de 2019 a 2022, 29% a mais que nos quatro anos anteriores. Os dados do Ministério da Saúde foram compilados pela agência Sumaúma. No sábado (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou um relatório da CPI que, em 2008, investigou a morte de crianças indígenas por subnutrição. Motivada pela crise entre os guarani-kaiowá, no Mato Grosso do Sul, a CPI cita avanço da malária entre os Yanomami, em Roraima. No post de Bolsonaro, a foto usada é de uma criança de outra etnia, do Maranhão. O ex-presidente diz “que nunca um governo dispensou tanta atenção e meios aos indígenas como o dele.” No entanto, os dados mostram que, no período Bolsonaro, as mortes de crianças Yanomami por desnutrição quase quadruplicaram. Com dados do Ministério da Saúde, o Fantástico separou só as mortes por desnutrição de crianças de zero a 5 anos. Foram 152 nos últimos quatro anos, contra 33 no período anterior. Um aumento de 360%. “Temos também lavagem de dinheiro, temos a atuação de organizações criminosas e, nesta questão específica da saúde, não há dúvida que nós temos indícios do crime de genocídio”, afirma o ministro da Justiça, Flávio Dino. A única condenação, no Brasil, por genocídio foi a de três garimpeiros, que mataram 16 Yanomami em 1993. O episódio que ficou conhecido como o Massacre de Haximu. A crise sanitária matou 570 crianças Yanomami de 2019 a 2022 Paulo Zero Não faltaram avisos A tragédia Yanomami se transformou em uma crise humanitária imensa longe dos olhos do Brasil, mas não por falta de aviso. “Eu mandei várias vezes ofício para o governo para o Governo Federal, avisando que os Yanomami estavam doentes e desnutrição grave, para fazer uma ação na Terra Indígena Yanomami, com fotos. Mas nunca responderam para nós”, relembra Junior Hekurari. Ao todo, foram 21 pedidos em 4 anos, sem resposta. E teve mais: em 2020, uma liminar da Justiça Federal obrigava o governo a combater o garimpo. Além disso, nos últimos anos, o Governo Federal não cumpriu uma decisão do Supremo Tribunal Federal que ordenava a retirada de todos os garimpeiros daqui da Terra Indígena Yanomami. A decisão, também de 2020, em plena pandemia, alertava para o risco de uma crise como esta. Em 2022, três operações conjuntas de combate ao garimpo foram planejadas. Mas duas foram canceladas porque o Ministério da Defesa não disponibilizou helicópteros de grande porte, necessários para operar na terra indígena. O Fantástico acompanhou a terceira, quando agentes do Ibama e da Polícia Federal destruíram ou apreenderam uma centena de aeronaves e inutilizaram boa parte da infraestrutura do garimpo. O ex-presidente Bolsonaro esteve em Roraima e visitou um garimpo ilegal. Ainda deputado, ele propôs acabar com a Terra Indígena Yanomami porque é "riquíssima em madeiras nobres e metais raros". No sábado, dia 21, o ex-presidente disse, em uma rede social, que a fome Yanomami é uma farsa da esquerda - e que o governo dele executou 20 operações de saúde em terras indígenas. Na quinta-feira (26), o STF em nota, disse que identificou indícios de que o governo Bolsonaro teria fornecido informações falsas à Justiça sobre assistência e proteção à comunidade Yanomami. Como recuperar a região Polícia Federal, Ibama, Funai e Ministério da Defesa estão planejando operações para expulsar de vez o garimpo. A tarefa é imensa. Pode levar anos para a recuperação das roças e para os rios voltarem a ter vida. Ouça os podcasts do Fantástico: ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1, Globoplay, Deezer, Spotify, Google Podcasts, Apple Podcasts e Amazon Music trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. Toda segunda-feira tem episódio novo. BICHOS NA ESCUTA O podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1, no Globoplay, no Deezer, no Spotify, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Amazon Music ou no seu aplicativo favorito. Siga, assine e curta o 'Bichos na Escuta' na sua plataforma preferida. Toda quinta-feira tem episódio novo.

Fonte: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2023/01/29/malaria-pneumonia-desnutricao-contaminacao-por-mercurio-fantastico-mostra-a-tragedia-humanitaria-na-terra-indigena-yanomami.ghtml

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