Esta é a quinta tentativa de realizar o julgamento. Entre os acusados está Gelson Lima Carnaúba, um dos fundadores de uma facção criminosa criada no Amazonas. Julgamento deve se estender por dois ou três dias. Raphael Alves/TJAM Começou, nesta segunda-feira (26), o julgamento de três réus acusados de uma chacina ocorrida em 2002 no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Entre os acusados está Gelson Lima Carnaúba, um dos fundadores de uma facção criminosa criada no Amazonas, além de Marcos Paulo da Cruz e Francisco Álvaro Pereira. O depoimento de oito testemunhas, sendo cinco arroladas pela acusação e três pela defesa, marcou o primeiro dia do julgamento. A sessão deve retomar às 8h30 desta terça-feira (27), com o interrogatório dos réus. A primeira testemunha arrolada pela defesa foi o interno do Compaj, que começou a ser ouvido às 16h32 e reconheceu os acusados tanto por vídeo quanto no plenário. O mesmo disse que “nunca ouviu” falar que Gelson Carnaúba seria líder ou o "xerife" dentro da unidade prisional. Ele garantiu ter visto pessoas com capuzes no interior do presídio no dia das mortes. O depoimento durou até 17h26. As outras duas testemunhas da defesa também eram internos de unidades prisionais. O julgamento O julgamento ocorre na 2ª Vara do Tribunal do Júri e é presidida pelo pelo juiz Rosberg de Souza Crozara. De acordo com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), a previsão é que a sessão se estenda por dois ou três dias. Esta é a quinta tentativa para realizar esse júri após a anulação, em 2015, do julgamento por quebra da incomunicabilidade dos jurados. A primeira sessão, que estava marcada para iniciar por volta das 9h, começou com atraso devido à análise dos pedidos da defesa, que queria o adiamento do Júri alegando, entre outros fatores, a ausência de sinal de internet para o depoimento do acusado Gelson Carnaúba – que está participando do julgamento por videoconferência -, e a utilização de reprodução do áudio de Elgo Jobel Fernandes Guerreiro, testemunha de acusação já falecida. Nesse depoimento, a testemunha assumiu ter sido integrante de uma facção de crime organizado e, na época, era de regime semiaberto, contou que "Carnaúba era o comandante-geral do presídio e que mandava em tudo, além de usar armas e vender drogas na cadeia". Ele também falou que tinha medo de morrer e que era ameaçado por Carnaúba. "Já vi comemorações com pessoas armadas na cadeia", disse a testemunha, em áudio gravado. No total, o Ministério Público arrolou cinco testemunhas de acusação e a defesa, três. O primeiro intervalo foi dado por volta das 15h, já com o depoimento de duas testemunhas. Já Carnaúba participa do julgamento por meio virtual, a partir do presídio federal de Campo Grande (MS), os outros dois réus, Marcos Paulo da Cruz e Francisco Álvaro Pereira - que respondem às ações penais em liberdade -, estão presentes no julgamento, no Fórum Henoch Reis. Anulação O primeiro julgamento da Ação Penal aconteceu no dia 8 de abril de 2011, com o réu Gelson Lima Carnaúba sendo sentenciado em 120 anos de reclusão. No mesmo júri, Marcos Paulo da Cruz foi apenado em 132 anos de reclusão. No ano de 2015, em julgamento de recurso, a sentença foi anulada em Segunda Instância. Com isso foi determinada a realização de uma nova sessão de julgamento. Depois desta data, o júri foi pautado mais quatro vezes - sendo esta a quinta - e, entre as justificativas para os adiamentos, estão a apresentação de requerimentos para novas diligências feitos pelas partes, conforme a 2.ª Vara do Tribunal do Júri. Outro réu no mesmo processo, Elmar Libório foi condenado a 191 anos de prisão no dia 04 de abril de 2013. Entenda o caso De acordo com a denúncia do Ministério Público do Amazonas, no dia 25 de maio de 2002, ocorreu uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). O motim durou 13 horas e resultou na morte de 11 detentos e um agente penitenciário. Por causa da quantidade de réus, houve desmembramento do processo principal. A Sentença de Pronúncia foi prolatada pelo Juízo da 2.ª Vara do Júri em 1.º de fevereiro de 2007, determinando que os réus Elmar Libório Carneiro (conhecido como "Macaxeira"), Gelson Lima Carnaúba, Marcos Paulo da Cruz (conhecido como "Goma") e Francisco Álvaro Pereira (conhecido como "Bicho do Mato") fossem levados a júri popular. Os réus Herly Costa Lima e Sérvulo Moreira Neto permaneceram foragidos durante a instrução do processo desmembrado. Com a prisão de Herly, no Estado de Rondônia, foi possível seguir com a instrução processual, por carta precatória, sendo pronunciado em 11 de maio de 2021 pelo Juízo da 2.ª. Vara do Tribunal do Júri. O réu Sérvulo Moreira Neto está foragido e com dois mandados de prisão em aberto, sendo um deles pela 2.ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus e outro pela Vara de Execuções Penais (VEP). No dia 4 de abril de 2013, o réu Elmar Libório Carneiro (vulgo Macaxeira) foi condenado a 196 anos de prisão em regime fechado por participação na chacina do Compaj. Vídeos mais assistidos do Amazonas
Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/09/27/chacina-no-compaj-em-2002-oito-testemunhas-sao-ouvidas-em-primeiro-dia-de-julgamento.ghtml
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