Uma semana após encontro polêmico de Bolsonaro com Putin, Brasil não condena invasão russa à Ucrânia
Sem criticar a Rússia, o Ministério das Relações Exteriores disse acompanhar conflito com 'grave preocupação'. Enquanto embaixadores da UE prestavam solidariedade na embaixada da Ucrânia, Bolsonaro estava em uma motociata e se manifestou só no meio da tarde sobre brasileiros no país. Uma semana após encontro polêmico de Bolsonaro com Putin, Brasil não condena invasão russa à Ucrânia O presidente Jair Bolsonaro só se manifestou sobre a guerra no meio da tarde desta quinta-feira (24) numa rede social para dizer que está empenhado em proteger os brasileiros que moram na Ucrânia, e sem se posicionar diretamente sobre o ataque. A tensão na região já estava alta há 10 dias, quando o presidente Jair Bolsonaro decidiu visitar a Rússia. Ele se encontrou com o presidente Vladimir Putin e disse que era solidário à Rússia, sem especificar a que se referia. Rússia invade de uma só vez leste, norte e sul da Ucrânia Biden anuncia novas sanções e reafirma que os EUA não vão combater a Rússia na Ucrânia Jornalista brasileiro faz relato sobre os primeiros momentos do ataque russo à Ucrânia A visita provocou críticas. O governo americano se manifestou publicamente. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o Brasil “parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”. Nesta quinta-feira, depois de fortes reações de líderes mundiais à postura da Rússia, a primeira autoridade brasileira a se manifestar foi o vice-presidente, Hamilton Mourão. Na chegada ao Palácio do Planalto, por volta das 10h, ele condenou a invasão e comparou a atual situação mundial a um período pré-Segunda Guerra Mundial. “O mundo ocidental está igual ficou em 1938 com Hitler: na base do apaziguamento. E o Putin não respeita apaziguamento, essa é a realidade. Então, se não houver uma ação bem significativa e, na minha visão, meras sanções econômicas, que é uma forma intermediária de intervenção, não funcionam. Vamos lembrar que o Iraque passou mais de 20 anos sob sanção econômica, mas nada mudou. O Irã a não sei quanto tempo também está sob sanção econômica e nada mudou. Tem que haver o uso da força, realmente um apoio a Ucrânia, mais do que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, disse o vice-presidente. Era quase meio-dia quando o Ministério das Relações Exteriores se manifestou. Oficialmente, a reação do Brasil foi muito parecida com a da China, país frequentemente criticado por Bolsonaro. Nenhum dos dois países condenou diretamente os ataques ou defendeu sanções à Rússia. A nota afirma: "O governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia.” O Itamaraty fez ainda um apelo “à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil". A postura do Brasil provocou a reação dos representantes de outros países em Brasília. O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, deixou claro o desconforto provocado pela visita de Jair Bolsonaro à Rússia e cobrou uma condenação oficial à agressão russa. “Nós expressamos uma esperança que o presidente possa equilibrar essa visita com uma visita para a Ucrânia. Essa visita para Ucrânia poderia equilibrar a visita para Moscou”, disse. Embaixadores de países da União Europeia estiveram na embaixada da Ucrânia para prestar solidariedade. E o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff, disse que espera por “qualquer declaração” que condene os ataques feitos pela Rússia à Ucrânia. E ressaltou que a voz do Brasil “importa”. Enquanto isso, o presidente Bolsonaro estava em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, numa motociata. Ele participou de dois eventos públicos, fez discursos, mas ignorou a crise internacional. Só no meio da tarde, Bolsonaro reproduziu numa rede social outra nota do Itamaraty sobre a ajuda a brasileiros que estão na Ucrânia. Depois, também sem se manifestar diretamente sobre a invasão, fez uma nova postagem e afirmou que “está totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”. E que “nossa embaixada em Kiev permanece aberta e pronta a auxiliar os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e todos os demais que estejam por lá temporariamente”. No fim do dia, o presidente Bolsonaro voltou ao assunto em uma live nas redes sociais. Ao falar sobre a Ucrânia, desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão. Disse que a palavra final sobre o caso é dele e ressaltou que recentemente viajou em paz para Rússia e teve um contato excepcional com o presidente Putin.
Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/02/24/uma-semana-apos-encontro-polemico-de-bolsonaro-com-putin-brasil-nao-condena-invasao-russa-a-ucrania.ghtml
Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/02/24/uma-semana-apos-encontro-polemico-de-bolsonaro-com-putin-brasil-nao-condena-invasao-russa-a-ucrania.ghtml
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