Nível de atividade física da população não aumenta após Olimpíadas: 'Oportunidade perdida', diz professor da UFPel
Epidemiologista Pedro Hallal é um dos autores de artigo estampado na capa da revista científica The Lancet neste sábado (31). Pesquisadores apontam que legado olímpico em cidades que receberam Jogos não reflete na prática de exercícios e citam falta de estrutura permanente. Baixo nível de atividades físicas após Olimpíadas são 'oportunidade perdida' O aumento do nível de atividade física da população está entre os legados que cidades-sede de Olimpíadas elencam quando se candidatam para receber o evento. No entanto, uma pesquisa inédita, destaque de capa revista científica The Lancet na edição deste sábado (31), aponta que a expectativa não se confirma. "O potencial dos Jogos Olímpicos em promover a saúde da população não foi realizado", diz a publicação. Um dos oito autores do artigo internacional é o epidemiologista brasileiro Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Sul do Rio Grande do Sul. O pesquisador afirma que os jogos se transformam em uma "oportunidade perdida" para a sociedade ao menos neste ponto. Veja vídeo acima. "Existe uma oportunidade perdida. A cidade sedia o maior evento esportivo do mundo, mas a sua população não se torna mais ativa depois do evento", diz. Além de Hallal, assinam o artigo pesquisadores de países que sediaram os Jogos Olímpicos nas últimas décadas, como Austrália, Japão, Estados Unidos e Reino Unido, além da Irlanda. Também há outro autor brasileiro, Rodrigo Reis, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Procura por atividades físicas não aumenta após Olimpíadas, aponta pesquisa Cesar Lopes/PMPA Na conclusão da análise, os cientistas afirmam que o legado das competições "exigirá planejamento estratégico e parcerias, em todo o Comitê Olímpico Internacional e as agências olímpicas, esportivas e de saúde pública, e uma avaliação completa da estrutura implementada durante o período pré e pós-olímpico no país anfitrião". De acordo com a pesquisa, a procura por esportes e exercícios até aumenta em períodos de Jogos Olímpicos, mas o interesse da população se limita às buscas na internet. "Tem um impacto grande na procura, no Google, por coisas sobre atividades físicas. As pessoas se interessam mais pelo tema. Mas, na prática, passam os Jogos Olímpicos e o número de atividades físicas volta ao que era antes", avalia Hallal. Capa da revista científica The Lancet, com artigo sobre atividades físicas Reprodução/The Lancet Exemplos no Brasil O professor da UFPel cita o exemplo de esportes que ganham bastante atenção do público no período dos Jogos, como o skate, após a medalha de prata de Rayssa Leal, e o judô, com os bronzes de Daniel Cargnin e Mayra Aguiar. Contudo, só o desejo pessoal não basta. É necessário ter estrutura. "Vai acontecer de uma guriazinha se interessar para andar de skate e ela vai notar que andar de skate na cidade dela é muito difícil, porque não tem lugar, especialmente, para as crianças pobres. Não tem espaço público, por exemplo, para praticar judô", exemplifica. No Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o relatório de legados sociais da organização do evento fala em "expandir o alcance dos programas de esportes e atividades físicas para os cidadãos". O estudo publicado em The Lancet aponta dados que sugerem um aumento pequeno, mas não substancial, na participação da população em atividades físicas no Rio de Janeiro. "Isso é basicamente explicado pela falta de investimentos definitivos em estrutura, por exemplo, instalações esportivas que fiquem disponíveis para a população de toda a cidade e que não sejam apenas temporárias", aponta Hallal. Rio 2016: o legado cinco anos depois Rio 2016: 5 anos depois, parte do legado olímpico ainda não saiu do papel VÍDEOS: Tudo sobre o RS
Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2021/07/31/nivel-de-atividade-fisica-da-populacao-nao-aumenta-apos-olimpiadas-oportunidade-perdida-diz-professor-da-ufpel.ghtml
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