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Bolsonaro se antecipa a pedidos de demissão e determina mudança nos comandos das Forças Armadas

Diante do movimento dos três comandantes das Forças Armadas de colocar os cargos à disposição em solidariedade ao ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, o presidente Jair Bolsonaro se antecipou e determinou as trocas no Exército, na Marinha e na Aeronáutica. Bolsonaro se antecipa a pedidos de demissão e determina mudança nos comandos das Forças Armadas Os chefes das Forças Armadas decidiram colocar os cargos à disposição em solidariedade ao ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva. Mas o presidente Jair Bolsonaro se antecipou ao movimento e determinou as trocas nos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ainda na tarde desta segunda (29), levou a várias reuniões no Exército, Marinha e Aeronáutica. E na noite desta segunda (29) mesmo a uma conversa entre os comandantes das três forças. Segundo interlocutores deles nas Forças Armadas, os comandantes tinham uma preocupação: reforçar a mensagem pública de Azevedo e Silva do papel das Forças Armadas como instituições de Estado. Por trás da demissão de Azevedo e Silva estaria uma insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com o comandante do Exército, Edson Pujol. Pujol sempre foi rígido na defesa de que o Exército não deve e não pode fazer declarações políticas, nem de apoio nem de críticas a governos e que militares da ativa não devem entrar na política – o que desagrada o presidente. Alinhados a Pujol, o almirante de esquadra Ilques Barbosa, da Marinha, e o brigadeiro Antonio Carlos Bermudez, da Aeronáutica, decidiram entregar os cargos. A informação de que os comandantes pediriam demissão chegou ao Palácio do Planalto e o presidente Jair Bolsonaro decidiu se antecipar ao movimento. Em nova reunião na manhã desta terça (30) no Ministério da Defesa, Azevedo e Silva conversou com os três comandantes. Meia hora depois, o novo ministro da Defesa, general Braga Netto, chegou para o encontro. Fontes ouvidas pelo Jornal Nacional disseram que foi uma reunião tensa que durou cerca de uma hora. Os comandantes foram, então, comunicados da decisão do presidente. O anúncio foi visto pelos militares como uma tentativa do presidente Bolsonaro de mostrar autoridade depois que os comandantes acertaram deixar os cargos. Menos de uma hora depois, em uma nota seca, o Ministério da Defesa anunciou - sem entrar em detalhes ou fazer elogios aos que saiam – que os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos. A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos comandantes das forças. Os três comandantes assumiram os cargos em janeiro de 2019, primeiro mês do governo Bolsonaro. Antes de comandar o Exército, o general Edson Pujol ocupou os cargos de comandante militar do Sul; secretário de Economia e Finanças; chefe do Centro de Inteligência do Exército; e instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras. Pujol também comandou a força de paz Minustah, no Haiti. O tenente-brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez é piloto de caça. Foi comandante da Base Aérea de Brasília, da terceira Força Aérea e do sexto Comando Aéreo Regional. Foi também chefe da Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa. O almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior estava à frente do Estado-Maior da Armada, da Marinha. Também foi diretor de Portos e Costas, comandante do primeiro Distrito Naval, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha. A saída dos principais comandantes das Forças Armadas levou lideranças políticas a reforçarem a importância do compromisso das Forças Armadas com a Constituição e a democracia. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, disse que “não bastasse a pandemia e o difícil momento econômico, há inquietação entre chefes militares. Espero que as Forças Armadas se mantenham fiéis à Constituição. Mandamento que vale para todos os cidadãos. Mais ainda para os que temos a ver com a política. Equilíbrio e lei; ordem e progresso”. O deputado Baleia Rossi, presidente do MDB, disse que: “Lamentamos as trocas nos comandos das Forças Armadas em meio à pandemia. Exército, Marinha e Aeronáutica têm cumprido à risca suas funções como instituições de Estado, afastando-se de questões político-partidárias implementadas por governos limitados por mandatos. Qualquer medida que afronte o texto constitucional deve ser entendida como desrespeito ao povo brasileiro, e isso não pode ser tolerado em um regime democrático”. O presidente do DEM, ACM Neto, disse que “é essencial para a democracia que as Forças Armadas atuem sempre com independência, e estejam a serviço do estado brasileiro, jamais a serviço dos interesses de quem quer que seja. As recentes mudanças no Ministério da Defesa e nos comandos das três forças inquietam o país. Precisamos do máximo de responsabilidade de todas as autoridades públicas”. Simone Tebet, do MDB, ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, disse: “À véspera de 31 de março, os três comandantes das Forças Armadas pedem para sair, ou são convidados a deixar os cargos, porque não concordam com a politização nos quartéis. História não pode ser negada, nem reescrita ou esquecida. A democracia brasileira já adquiriu imunidade a possíveis novas variantes autoritárias, mas requer constante atenção a tentativas de volta ao passado”. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB, disse que o presidente tem a prerrogativa de promover trocas no governo e afirmou: “Não podemos aceitar as dúvidas que estão sendo suscitadas de que o presidente esteja a tramar qualquer tipo de atalho ao texto constitucional”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que confia nas Forças Armadas: “Desejar muito boa sorte aqueles que assumirão uma posição importante nas Forças Armadas. As Forças Armadas que têm um compromisso constitucional de não promover a guerra, mas de preservar e garantir a paz. E é esse o compromisso das nossas Forças Armadas, de defesa da Constituição, defesa do Estado Democrático de Direito. Nós temos plena e absoluta confiança nisso, nesse amadurecimento civilizatório do Brasil, de preservação absoluta do Estado Democrático de Direito, do qual fazem parte as Forças Armadas”. Já há um movimento de deputados e senadores para chamar o novo ministro da Defesa, Braga Netto, para explicar as mudanças no comando das Forças Armadas. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, general da reserva, disse ao blog da Andréia Sadi que é zero a chance de uma ruptura institucional: “As Forças Armadas vão se pautar pela legalidade, sempre”. Novo ministro da Defesa Em seu primeiro ato público, o novo ministro da Defesa, Braga Netto, publicou uma ordem do dia alusiva ao aniversário de 57 anos do golpe militar de 1964, que ele chama de movimento de 31 de março de 1964. No documento, Braga Netto descreve o contexto da época. Diz que o século XX foi marcado pelas guerras mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias e que a Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças, com instabilidade política, social e econômica. Segundo ele, havia ameaça real à paz e à democracia. Braga Netto segue afirmando que os brasileiros se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas e de empresários. Nas palavras dele, coube às Forças Armadas a responsabilidade de pacificar o país, enfrentando desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas de hoje. Braga Netto não faz referência aos 21 anos em que os militares se mantiveram no poder após o golpe nem a atos duros do regime, como o AI-5, à censura à imprensa e à perseguição a políticos. O novo ministro destacou que as Forças Armadas acompanham as mudanças dos últimos anos conscientes de sua missão constitucional de defender a pátria, garantir os poderes constitucionais e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país. Braga Netto conclui dizendo que o movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil e que assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março. Este é o terceiro ano consecutivo em que há ordem do dia alusiva ao golpe de 64 com textos semelhantes. Em 2020, assinado pelo ex-ministro Fernando Azevedo e Silva, o texto afirmava que o movimento de 64 é um marco para a democracia brasileira.

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/03/30/bolsonaro-se-antecipa-a-pedidos-de-demissao-e-determina-mudanca-nos-comandos-das-forcas-armadas.ghtml

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