Apesar das questões locais de cada cidade, as eleições municipais de 2020 sinalizaram algumas características nacionais num ano marcado pela pandemia do novo coronavírus. Foi a eleição em que se valorizou a experiência ao invés do discurso da antipolítica. Candidatos que fizeram um discurso de responsabilidade no enfrentamento à pandemia, tiveram mais sucesso eleitoral. Ao mesmo tempo, as disputas marcadas pelos extremos, nas eleições de 2018 e 2016, perderam força. Partidos de centro tiveram um melhor desempenho, inclusive nas principais capitais. O eleitor recusou o discurso radical. Veja abaixo as tendências dessa eleição Sobe Partidos de centro e centro direita: legendas com esse perfil (MDB, PSDB, PP, PSD e DEM) venceram na maioria das cidades, inclusive nas capitais mais populosas como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. Experiência: diferente da eleição de 2018, em que o discurso de renovação na política ganhou força, neste ano a disputa favoreceu candidatos experientes e já testados em administrações. Discurso de reponsabilidade no enfrentamento da pandemia: tiveram melhor desempenho prefeitos que adotaram medidas para conter a pandemia ou candidatos que adotaram o discurso de responsabilidade na defesa da vida. Voto eletrônico: apesar da ação coordenada em redes sociais por parte de extremistas para desacreditar o voto eletrônico disseminando fake news, o sistema eleitoral brasileiro saiu fortalecido. Inibição ao discurso do ódio: perdeu força o chamado discurso do ódio, que tomou conta das eleições em 2018 e refletiu um país polarizado entre a extrema direita e a extrema esquerda. Desce Jair Bolsonaro: o presidente chegou a pedir votos para candidatos em várias cidades do país. Foi derrotado em quase todas, inclusive nas sete capitais. No primeiro turno, perdeu em São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Recife. No segundo turno, perdeu no Rio de Janeiro, Fortaleza, e Belém. Antipolítica: o discurso de negação da política, que foi a tônica em 2018, perdeu força nessa eleição. Candidatos que se apresentaram com esse perfil perderam força nesse pleito. Discurso de negação/relativização da pandemia: candidatos que adotaram o discurso do governo Bolsonaro de minimizar a gravidade da pandemia tiveram um desempenho sofrível. Voto em papel: apesar da campanha de bolsonaristas de tentar resgatar o voto em papel e de descreditar o voto eletrônico, a confiabilidade no sistema eleitoral brasileiro saiu fortalecida. A disputa dos extremos: diferente da tendência de 2018, que sinalizou uma disputa entre partidos no extremo do espectro político (então representados por PSL e o PT), em 2020 essa disputa não se repetiu. O PT não elegeu nenhum prefeito de capital. Representantes da extrema direita também não tiveram sucesso. VÍDEOS: veja os comentários de Gerson Camarotti
Fonte: https://g1.globo.com/politica/blog/gerson-camarotti/post/2020/11/29/o-sobe-e-desce-das-eleicoes-de-2020.ghtml
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