Sistema apontava mesta quinta 959 leitos livres e prontos para serem usados e outros 1.801 temporariamente indisponíveis, segundo levantamento do Jornal Nacional. RJ tem leitos prontos e sem uso, apesar de fila de pacientes à espera de internação Em meio à pandemia da Covid-19, o município do Rio de Janeiro tinha até a noite desta quinta-feira (30) uma fila de mais de mil pacientes que precisam de internação. Um levantamento feito pelo Jornal Nacional, no entanto, encontrou 2,7 mil leitos ociosos em 27 hospitais municipais, estaduais e federais. São hospitais de emergência, hospitais gerais, universitários, especializados e de referência de Covid-19. No total, as unidades têm 6.407 leitos, incluindo enfermaria e UTI – o levantamento não considerou os leitos dos institutos de câncer, de cardiologia, maternidades, psiquiátricos e hematologia. O sistema da prefeitura que reúne informações de toda a rede do SUS na cidade do Rio (Sisreg) mostra que, nesta quinta à tarde, havia 2.760 leitos ociosos. Destes 959, estavam livres e prontos para serem usados, mas não foram ocupados mesmo com as emergências superlotadas. A maioria, da rede municipal. Outros 1801 estavam impedidos, temporariamente indisponíveis no sistema – a maioria por falta de profissionais ou esperando pequenos reparos. Quase todos esses leitos foram fechados nos últimos meses. Leitos livres no Rio de Janeiro Reprodução/JN Superlotação Até a noite desta quinta, havia 1067 pessoas na fila de espera das 45 emergências do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade do Rio – 30 delas já não recebiam pacientes. No Centro de Emergência Regional da Ilha do Governador, onde cabem 17 pacientes, havia 80. Pessoas com sintomas como falta de ar e febre estavam em poltronas. Na emergência do Hospital Federal Cardoso Fontes, na Zona Oeste, entre um leito e outro havia macas improvisadas e pacientes amontoados. João Américo estava em uma emergência municipal no Leblon. “Essa madrugada faltou muita gente. Foi um Deus nos acuda aqui dentro. E a gente pede uma água, pede alguma coisa e é muito difícil. Está complicado", disse o paciente Sylvia perdeu o marido, que tinha 50 anos, e esperava uma vaga para internação. "Ele sentiu muita falta de ar e eu corri com ele pro hospital. Deixaram ele lá naquela sala sentado por mais... Eu nem sei dizer as horas." Quase todos os pacientes internados ou à espera dos leitos estão com sintomas respiratórios graves. Os médicos explicam que eles podem precisar ser entubados a qualquer momento, mas as unidades têm só 175 respiradores. “Ventiladores, não temos nenhum disponível. A unidade literalmente não tem mais onde colocar pacientes de Covid. Já fizemos diversas transferências ao longo do plantão e mesmo assim estamos com a capacidade maior do que a máxima, do que a unidade consegue suportar”, diz um médico trabalha no CER da Barra da Tijuca. Leitos vazios Ao atravessar um corredor, no entanto, o mesmo médico mostrou uma imagem surpreendente. No Hospital Municipal Lourenço Jorge, vizinho da emergência, os leitos estavam vazios por falta de médicos. “Está praticamente vazio, sem pacientes, porque não tem equipe médica disponível. Tem até uns pacientes internados, mas não tem médico plantonista. E isso precisa ser resolvido pra ontem pra desafogar as outras emergências." A situação se repete no Hospital Municipal Souza Aguiar, um dos maiores da cidade. Enquanto pacientes estão nas salas das emergências, que ficam no térreo e também num prédio ao lado, existem vários andares do hospital praticamente vazios, com leitos prontos. Imagens obtidas pelo Jornal Nacional mostram leitos com tubulações de oxigênio e ar comprimido preparados para receber os respiradores. A porta de um dos centros de terapia semi-intensiva estava trancada com uma corrente. No Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), mais da metade dos 331 leitos estava vazia. Ordem não cumprida em hospitais federais Há uma semana, a Justiça Federal determinou que seis hospitais federais liberassem leitos para pacientes, mas a ordem não foi cumprida. No Hospital da Lagoa, leitos de enfermaria estão vazios com tubulações para o uso de respiradores. Profissionais da unidade dizem que faltam médicos, enfermeiros e equipamentos. Hospital Federal de Bonsucesso, considerado referência para Covid-19 no RJ pelo Ministério da Saúde, tem salas com leitos vazios Reprodução/TV Globo No Hospital Federal de Bonsucesso, indicado pelo Ministério da Saúde como referência para Covid, alguns setores estão vazios. O hospital prometeu 177 leitos, mas só 18 estava ocupados até esta quina. São salas e salas com leitos vazios e com respiradores. “Eu não posso ter emergências lotadas com andares inteiros com leitos que poderiam estar sendo utilizados agora no combate à Covid-19 (...) Nós estamos acumulando corpos aqui nesse estado e essa doença destrói famílias. Infelizmente, vai deixar um trauma terrível não só para o estado do Rio de Janeiro, mas para todos os estados”, diz o defensor público Daniel Macedo. Para médicos que já participaram da gestão da rede SUS no Rio, boa parte dos leitos vazios poderia ser usada imediatamente. "Eu posso garantir a você que na imensa maioria são leitos de excelência, com profissionais altamente qualificados, que podem servir neste momento para atender à epidemia de covid-19”, diz Roberto Medronho, epidemiologista da UFRJ. O que dizem as autoridades A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que tenta contratar 5 mil profissionais, que 500 já começaram a trabalhar e que alguns leitos não são liberados por causa da do afastamento de profissionais com a Covid ou por serem grupo de risco. O governo estadual declarou que abriu 724 leitos para pacientes da Covid em hospitais de referência e isolados dentro de outras unidades. O Ministério da Saúde, que responde pelos hospitais federais, não deu retorno ao Jornal Nacional. Nenhuma das autoridades respondeu por que o sistema de regulação mostra leitos livres em hospitais com as emergências superlotadas. Initial plugin text
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/04/30/rio-tem-27-mil-leitos-ociosos-apesar-das-emergencia-lotadas-e-mil-pessoas-na-fila-de-internacao.ghtml
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