Dados obtidos pela RBS TV, com base na lei de acesso a informação, mostram levantamento que mede a eficiência da polícia. Maioria dos crimes nas grandes cidades do RS fica impune, diz Polícia Civil No ano passado, mais de 8 mil carros foram roubados em Porto Alegre, mas em apenas 16% dos inquéritos abertos os autores foram identificados. A situação se repete em cidades como: Santa Maria, Pelotas e Caxias do Sul. O relatório da Polícia Civil mostra que a maior parte dos crimes ficam impunes no Rio Grande do Sul. O levantamento faz parte de um relatório que mede a eficiência da Polícia Civil nas maiores cidades do estado. Uma dona de casa, que não quis se identificar, teve a caminhonete roubada. O carro foi levado junto com os animais de estimação, que estavam dentro do veículo. "Uma sensação de impotência, de terror, de tu ser achado durante o dia, de tu trabalhar e não poder ter nada, sabe que vem alguém e simplesmente leva tuas coisas. Uma tristeza enorme, porque levaram nossos bichinhos sabe e que eram parte da família", contou. Procedimentos remetidos com e sem elucidação em 2019 Reprodução Em Santa Maria, foram registrados 1.327 assaltos, porém apenas 383 investigações foram enviadas à justiça, com indiciados, o que representa menos de 30%. As vítimas ficam marcadas pela violência e pelo trauma que afetam inclusive o trabalho. "Acabei pedindo dispensa do serviço, eu fiquei um mês de atestado por causa do psicológico, porque comecei o tratamento e logo depois eu voltei a trabalhar, mas a gente fica com medo. Fiquei com medo do barulho de moto, por exemplo", diz. Em Pelotas, foram 2.548 assaltos, mas somente 257 inquéritos chegaram à justiça, indiciando 10% do total. O delegado regional da Polícia Civil em Pelotas, Márcio Steffens, diz que a falta de informações pode prejudicar o trabalho "Muitas vezes nos temos dificuldades no sentido de identificar, inclusive dificuldades da própria vítima de nos trazer informações", afirma o delegado regional. Procedimentos remetidos com e sem elucidação em Pelotas em 2019 Reprodução Para o professor de direito penal da PUC-RS, Marcelo Peruchin, a deficiência na estrutura prejudica as investigações. "O que acontece é que o número de processos que surgem das investigações, na realidade são muito menores do que seria o ideal, então a deficiência da investigação acaba comprometendo o sistema punitivo lá na frente", explica Marcelo. Em Caxias do Sul, onde foram mais de 1.600 casos de estelionato em 2019, apenas 283 foram esclarecidos. O delegado, Paulo Rosa, explica que os crimes precisam ser priorizados. "Pela dificuldade, por carência de servidores nós temos que priorizar outros tipos de crimes", explica o delegado. A chefe de polícia do estado, Nadine Anflor, reconhece que a falta de profissionais influência na solução dos crimes. "Evidentemente que há sim uma defasagem histórica no efetivo, mas nós temos condições de cada vez mais elucidar, cada vez mais nós estamos reunindo [informações]". Ela aposta na inteligência para levar os criminosos à justiça. "As modernas técnicas de investigação, o uso da inteligência tem facilitado, os próprios cercamentos eletrônicos nas cidades, os videomonitoramentos, tudo isso, justamente com o trabalho de investigação policial. Apesar do efetivo não ser o ideal como nós gostaríamos, nós estamos melhorando todos esses índices de elucidação", explica a chefe de polícia do estado. Entre os principais crimes, a maior eficiência da polícia esta na investigação de homicídios dolosos, quando há intenção de matar, e latrocínios, o roubo seguido de morte. Em Porto Alegre, foram 1.278 inquéritos em 2019 e 65% foram esclarecidos.
Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2020/01/31/maioria-dos-crimes-nas-grandes-cidades-do-rs-fica-impune-segundo-relatorio-da-policia-civil.ghtml
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