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Conhecido pelo carisma, morador de rua quebra preconceitos e conquista amizade da vizinhança em Suzano


Carioca, como é conhecido, vive em frente a uma papelaria no Parque Suzano e faz questão de manter a área limpa. Guardador de carros conquista carinho de moradores de Suzano Varrendo a rua e distribuindo conselhos, Maicon Vieira, conhecido como Carioca, virou o amigo de quem passa em frente a uma papelaria de Suzano. Ele vive na rua, mas surpreendeu comerciantes e pedestres com seu carinho. Hoje, além de manter seu espaço sempre bem cuidado, como uma verdadeira casa, ele cultiva a amizade e mostra que todo mundo tem um bom conselho para dar. Gabriela Costa é auxiliar administrativo e trabalha em uma papelaria no Parque Suzano. Maicon é guardador de carros na rua e de noite costuma ficar em frente à loja. Foi ai que nasceu a amizade dos dois. Ela conta que o amigo chegou tímido, mas que logo encontrou seu lugar e a fez com que ela se sentisse mais segura. “Ele sempre chega preocupado: ‘eu vou atrapalhar? Se quiser eu vou e depois eu volto’, eu falo ‘não, Carioca, pode ficar aí’. Eu até me sinto segura, de certa forma, porque ele sempre fica aqui na frente. De noite aqui, na verdade, todo lugar está perigoso. Quando ele fica aqui com os amigos dele eu me sinto mais tranquila”, relata. Carioca sempre é visto varrendo e mantendo seu espaço da calçada organizado. O guardador de carros conta que cuida do espaço, pois dorme ali com outros colegas e precisa manter tudo limpo. “Não é sozinho. É dois, três ou quatro rapazes e tem um casal também que fica aqui. A gente vai ajudando, entendeu? E limpar, tem que limpar, né? É um local seu, você tem que ter sua higiene, tomar um banho”. Maicon varre a calçada e se dedica em manter o local sempre limpo. Reprodução/TV Diário Na convivência, a amizade surgiu. A auxiliar administrativo conta que ele já a ajudou nos momentos em que mais precisava. Para ela, situações como essas mostram que o preconceito tem que ser deixado de lado. “Eu vim aqui por causa da perda de um bichinho de estimação. Ele me viu chorando. Ele poderia não ter feito nada e me deu vários conselhos. Às vezes a gente acaba tendo um certo preconceito, mas se você para pra ouvir essas pessoas você vê que elas têm uma história, elas têm conhecimento, impressionante”, conta. Além da Gabriela, Carioca também conta com a ajuda de grupos que fazem trabalhos de assistência social e levam alimentação para as pessoas que vivem em situação de rua. Amauri Assis é pastor de uma igreja que fica em frente à papelaria e conta que o grupo prepara e distribui marmitas que alimentam o corpo e aquecem o coração. “A nossa intenção não é fazer a caridade. Não é só entregar a comida, mas sim, tentar resgatar. Tanto é que a gente não faz só um macarrão com salsicha, que iria só matar a fome. A gente procura fazer aquela comida que você comia em casa com a avó, com a mãe, para tentar resgatar esse sentimento, [fazê-lo] saber de onde ele veio, que dá para voltar para casa. Muitos estão nas ruas por causa das drogas, por causa do álcool. Então a gente tenta resgatar nele que há a possibilidade dele voltar a um resgate. Há como ele ser curado desse vício”, diz. Grupo de igreja prepara marmitas e distribui para moradores de rua, incluindo Carioca. Reprodução/TV Diário A dedicação do Carioca com o espaço dele também chamou a atenção de uma estudante, que passa sempre por ali. Alessandra Cordeiro até postou um vídeo e fotos dele varrendo a calçada. “As pessoas têm muita mania de julgar os moradores de rua. Dois dias antes eu tinha sofrido uma tentativa de assalto. Eu passei por aqui e vi ele limpando, achei uma cena muito rara e bacana. Às vezes nós não vemos isso. Aí quando cheguei lá na frente, procurei voltar e filmar. Perguntei se ele autorizava e ele disse que sim. O que mais mexeu comigo foi que ele disse que mantinha o local limpo porque aqui era a residência dele e assim a dona da loja permitia a permanência dele, já que aqui tinha alimentação e segurança”, diz. Carioca se tornou amigo da comunidade e provou que o carinho pode vir de quem a gente menos espera. “Nós às vezes passamos tão rápido no dia a dia, que os moradores de rua passam despercebidos. No fundo, no fundo, são humanos como nós. Precisamos olhar o próximo. Eu passava com medo por ser morador de rua, toda aquela história. E hoje eu ganhei um amigo. Sempre que eu passo da faculdade ele está aqui para dar boa noite”, diz Alessandra. “Para o que eu precisar, eu sei que eu posso contar com ele, coisas que às vezes eu não posso contar com alguém mais próximo, por incrível que pareça. E eu estou aqui por ele”, conclui Gabriela.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2019/11/29/conhecido-pelo-carisma-morador-de-rua-quebra-preconceitos-e-conquista-amizade-da-vizinhanca-em-suzano.ghtml

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