Pular para o conteúdo principal

Casa de Domingos Montagner se torna centro cultural onde o circo, sua paixão, terá destaque

Três anos depois da morte do ator, afogado no Rio São Francisco, numa pausa da gravação da novela 'Velho Chico', sua viúva, Luciana, abre antigos cadernos cheios de lembranças. Casa de Domingos Montagner se torna centro cultural onde circo, sua paixão, terá destaque Um artista que deixou saudade. Em setembro de 2016, Domingos Montagner, protagonista da novela “Velho Chico”, se afogou nas águas do Rio São Francisco. Um triste acidente que comoveu os brasileiros. Três anos depois, Luciana Lima, viúva do ator, resolveu transformar a casa onde Domingos cresceu numa continuação do trabalho dele. Luciana recebeu o Fantástico, falou do projeto e contou como está reconstruindo a vida com os filhos. “O que ele falava era que ele não era galã. Ele estava galã”, conta Luciana. Galã, palhaço, produtor de teatro, ator. Domingos Montagner era esse artista múltiplo, que gostava de arrancar risos no circo, onde começou a atuar no fim da década de 1980. Na TV ele ficou conhecido por personagens que conquistaram o coração do público. Santo dos Anjos foi o último papel. Já no fim das gravações da novela “Velho Chico”, durante uma folga, o ator desapareceu, depois de mergulhar no Rio São Francisco. O corpo foi encontrado cerca de três horas depois. E uma onda de tristeza invadiu o país. “Tem coisas ainda guardadas, que eu não mexi”, diz Luciana. Luciana e Domingos foram casados por 16 anos. Três anos depois da morte do marido, ela ainda lida com a dor da perda do companheiro, que conheceu quando morava em Natal e ele em São Paulo: “A gente foi se conhecendo um pouco mais. Ele morava em São Paulo, tinha esse impedimento, né? Então: ‘Vamos ficar só na amizade’. Mas não deu”. Ela recebeu o Fantástico na casa onde o ator passou a infância, no Tatuapé, bairro tradicional da Zona Leste de São Paulo. “Eu fui desempacotando para guardar, aí eu fui tendo acesso a esses cadernos. Deixa te mostrar um pedacinho do 'Velho Chico', que bonito”, diz Luciana à repórter. Luciana conta que Domingos anotava gírias. Ele queria tornar o personagem mais humano possível, mais próximo da realidade possível. Cadernos disputados pelos filhos: três meninos, que herdaram do pai a paixão pelo Corinthians e o gosto pela arte. “‘Sentavam os quatro no sofá, escolhiam uma série e assistiam todo final de domingo, que era meio que a despedida antes de o pai voltar para o Rio. Então, a gente tentou resignificar esses encontros da família. Ele já tinha uma educação com muitos valores. Mas o palhaço trouxe a generosidade para ele”. O palhaço de Domingos Montagner nasceu quando ele ainda era professor de educação física. Foi buscar no teatro novas maneiras de ensinar e acabou sendo conquistado pelo picadeiro: “O palhaço dele era aquele palhaço mais fechado, mais sisudo, acha que é dono da verdade, mas que, no final das contas, é tão pastelão, tão trapalhão quanto o parceiro dele, o excêntrico. Ele tinha uma grande admiração pelo Dedé, quando fazia dupla com o Didi é, assim, imbatível. Ele conheceu Dedé Santana. Ele ficou muito feliz, parecia um menino”. Domingos e o parceiro Fernando levaram para a TV o número que deu origem à companhia de circo que eles criaram: "São dois palhaços vestidos de bailarina fazendo acrobacias com sátiras ao pas de deux de balé”, conta Luciana, mostrando as roupas que Domingos usava. Num galpão funciona a companhia La Minima, fundada há 22 anos por Domingos Montagner e o amigo Fernando Souza, ou melhor, pelos palhaços Agenor e Padoca. Juntos, fizeram 15 espetáculos. Foram mais de cinco mil apresentações. Quase tudo que usaram nos palcos, nas ruas está no galpão. “A minha primeira oficina de palhaço que eu fiz um amigo me sugeriu, o Padoca. O Domingos trouxe o Agenor, que era o dono do bar que trabalhava o pai dele”, disse Fernando. O Fantástico teve acesso a imagens raras do acervo da companhia. “O Domingos deixa muito estímulo para as pessoas. Faz uma falta tremenda. A gente adoraria ter ele aqui até hoje do nosso lado. Mas a gente entende uma outra forma. Quase dá para falar que ele não saiu de cena. Ele é muito presente”, declara Fernando emocionado. E vai continuar inspirando muitas vidas. Na casa onde ele cresceu, nasce agora um projeto social, voltado para jovens de escolas públicas. A viúva, Luciana, começou a levantar recursos para montar um centro cultural com aulas de circo. “Neste primeiro momento a gente vai trabalhar como projeto piloto, e só com uma habilidade, que vai ser a habilidade do palhaço”, explica Luciana. O projeto Casa Domingos Montagner foi lançado neste domingo (29) por 60 palhaços, amigos do ator, que se apresentaram para a comunidade. “Acho que círculo fecha bem harmonicamente. Professor, educação, arte. Agora, a arte vai usar a educação para o desenvolvimento desses jovens”, conclui Luciana.

Fonte: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2019/09/29/casa-de-domingos-montagner-se-torna-centro-cultural-onde-o-circo-sua-paixao-tera-destaque.ghtml

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Escultura de dinossauro que viveu há milhões de anos na região é instalada em praça de Uberaba

Réplicas de uma Maniraptora protegendo seus filhotes foi criada pelo paleoartista Rodolfo Nogueira. Escultura Maniraptora Uberaba TV Integração/Reprodução A escultura em tamanho real de uma Maniraptora protegendo seu ninho foi instalada nesta terça-feira (22) na praça Manoel Terra, em frente a Igreja Santa Rita, em Uberaba. A espécie de dinossauro carnívoro viveu há 65 milhões de anos na região. Esculturas de filhotes de dinossauros serão instaladas na região central de Uberaba De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, a réplica batizada de "Alice" corresponde a outra escultura de um macho, que se encontra no museu dos dinossauros, em Peirópolis. Em 2004, uma garra da mão do animal foi escavada e estudos posteriores revelaram que se tratava de um dinossauro de cerca de dois metros de comprimento, com plumas e pertencente ao grupo de dinossauros que deram origem às aves, parente dos velociraptores. As representações, que fazem part...

Tenente da aeronáutica é assassinado ao reagir a assalto no centro comercial de Belém

Crime foi na travessa Campos Sales, à luz do dia. Tenente da aeronáutica é assassinado no centro comercial de Belém. Reprodução Um tenente da aeronáutica, identificado como Cláudio Alexandre Cândido, morreu após tentar reagir a um assalto no centro comercial de Belém, na tarde desta terça (14). Segundo informações da Polícia, dois criminosos armados que estavam em uma motocicleta abordaram o militar, que estava à paisana, e fugiram após atirarem na vítima. Não há notícias se algum pertence de Cláudio Cândido foi levado. O crime ocorreu na travessa Campos Sales, na esquina com a avenida Boulevard Castilho França, área de intensa movimentação na cidade. A cena atraiu a atenção de muitos que passavam pelo local. A vítima teria sido atingida por ao menos três disparos, segundo a Polícia, e foi levada para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, região metropolitana de Belém. O Centro de Perícias Científicas Renato Chaves foi acionado para remover o corpo na unida...

'Berçário' das baleias jubartes, Bahia concentra maior parte da espécie durante temporada de reprodução; VÍDEO

Baleias começaram a ser vistas em junho e devem ficar no Brasil até outubro ou novembro. Arquipélago de Abrolhos, no sul baiano, é local preferido delas. Salto de baleia jubarte em Salvador em julho deste ano Enrico Marcovaldi/ Projeto baleia Jubarte Entre os meses de julho e novembro, as águas calmas e quentes do litoral baiano são cenário das acrobacias e cantos das baleias jubartes. Todo ano, as ilustres visitantes viajam por cerca 2 meses, da Antártida até o Brasil, para acasalar, reproduzir, e dar um show para quem tem o privilégio de vê-las. Baleias jubarte começam a chegar ao litoral da Bahia "São cantoras de ópera e dançarinas acrobáticas. Dentre as espécies, são as mais exibidas. Geralmente, os machos cantam para seduzir e copular, mas é também uma forma de comunicação", explica Enrico Marcovaldi, um dos coordenadores do Projeto Baleia Jubarte, que monitora a espécie há 32 anos. Baleia jubarte exibe a cauda em Praia do Forte, na Bahia. Registro foi feito neste mês d...